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The Night Sun
2018
Solo show
at Galeria Bolsa de Arte - São Paulo, Brazil
Text by Ana Estaregui

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In Alexandre Wagner's work, there is a sound that is almost a whisper. His paintings are permeated by this subtle wind that gently lifts the fabrics of the flags, tilts poles and masts, and makes the waters and treetops sway slowly.

His landscapes have a low light that harks back to another time—past or future, one cannot tell—or perhaps, they are another dimension of these same spaces, as if the paintings were the memory of these places or dreams yet uninhabited. Some of them resemble the lunar surface or another planet. Opaque, they carry a repeated weight, a unique slowness, another gravity.

In this series of works, Alexandre highlights the solitary night in landscapes that evoke deserts and abandoned places where there is no human presence, only scarce and already deteriorated traces: a tent, a mast, a flag, an old house, a tire. These artifacts, the sole inhabitants of these spaces, seem to survive preserved in an extended time, as in a slow dream where a pair of trees can also be a ghost.

In the case of landscapes that could be daytime, the brightness seems to be from the moment before the day has dawned, when the sky is already lightening but the sun's rays have not yet appeared. It's as if the paintings seek the limit of the night, as if they stretch it to see how far it continues to be night: yellow, white, greenish. In Alexandre's paintings, there is no high noon sun, evident. And when it appears in the sky, it blends with the moon. If, in Drummond's poem, objects turn into night, in Alexandre Wagner's paintings, the night unfolds into layers, depths, and eventually turns into day.


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Existe no trabalho de Alexandre Wagner um som que é quase um rumor. Suas pinturas são permeadas por esse vento sutil que ergue de leve os tecidos das bandeiras, que inclina estacas e mastros, que faz as águas e as copas das árvores tremularem devagar.

Suas paisagens têm uma luz baixa que remete a uma outra época – passada ou futura, não se sabe – ou talvez sejam uma outra dimensão desses mesmos espaços, como se as pinturas fossem a lembrança desses lugares ou sonhos ainda inabitados. Algumas delas se parecem com a superfície lunar ou de outro planeta. Opacas, há nelas um peso que se repete, uma vagarosidade própria, uma outra gravidade.

Nesta série de trabalhos, Alexandre evidencia a noite solitária em paisagens que remetem a desertos e lugares abandonados onde não há presença humana, mas seus indícios escassos e já deteriorados: uma barraca, um mastro, uma bandeira, uma casa velha, um pneu. Esses artefatos, únicos habitantes desses espaços, parecem sobreviver conservados em um tempo estendido, como num sonho lento onde um par de árvores também pode ser um fantasma.

No caso das paisagens que poderiam ser diurnas, a luminosidade parece a do momento em que o dia ainda não nasceu, de quando o céu já está clareando, quando ainda não há raios de sol. É como se as pinturas buscassem o limite da noite, como se a esticassem pra ver até onde continuam sendo noite: amarelas, brancas, esverdeadas. Nas pinturas de Alexandre não há sol a pino, evidente. E quando aparece no céu, ele se confunde com a lua. Se no poema de Drummond os objetos se convertem em noite, nas pinturas de Alexandre Wagner a noite se desdobra em camadas, profundidades e, eventualmente, se converte em dia.